sexta-feira, 29 de julho de 2011

DOLAR

Cresce compra de aeronaves no Brasil

Dólar baixo e taxa externa mais barata ajudam vendas

 Que tal ter um avião particular para se locomover com mais agilidade e conforto pelos quatro cantos do País?

Embora este sonho ainda esteja ao alcance de poucos brasileiros, cresce cada vez mais o número de companhias e empresários que optam por este meio de locomoção – e que podem se dar ao luxo de ter seu próprio jatinho.


O Brasil possui uma das maiores frotas de aviação executiva do mundo. De acordo com a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), até 2010, o País contava com 1.225 aeronaves (entre aviões e helicópteros), dígito que o posicionava em segundo lugar no ranking mundial, perdendo apenas para os Estados Unidos, que fechou o mesmo ano com 17.937 aeronaves.

Os números são ainda maiores quando se faz uma projeção mundial. Até o fim do ano passado, a frota global de aviação executiva era de 31.110, número 3,7% maior que em 2009. Somente no Brasil, a frota aumentou 21% de 2009 para 2010. Em países como Venezuela e Argentina, por exemplo, o crescimento foi de apenas 4,8% e 12,4%, respectivamente.

A Abag faz uma projeção otimista para os próximos 20 anos. A previsão da entidade é de que, até 2019, sejam entregues 10.500 novas aeronaves em todo o mundo e, entre 2020 e 2029, este número aumente para 15.500. Para a América Latina, a previsão é de que, até 2019, sejam entregues 775 aeronaves – sendo que a maior parte deve ser do Brasil.

Custos

Ricardo Gobbetti, sócio e presidente da Global Aviation, acredita que, devido ao aquecimento do grande mercado de aeronaves, hoje o preço que se paga pelo produto está mais acessível. “O valor das aeronaves, especialmente as seminovas, baixou bastante, principalmente no final de 2008 e início de 2009, em decorrência da crise norte-americana”, explica.

Para a compra de qualquer modelo de avião ou helicóptero, o interessado ainda conta com taxas de financiamento no exterior, bem mais baixas que as brasileiras. “Além de poder financiar em outros países, como os Estados Unidos, o dólar está desvalorizado. A taxa Libor neste país, por exemplo, é de menos de 1%, enquanto que no Brasil os juros são de quase 10%”, complementa Gobbetti.

A taxa Libor é a referência para a cobrança de juros por empréstimos que grande parte das instituições bancárias fazem entre si. Ou seja, é a taxa utilizada como base para que os bancos possam calcular os juros que cobram em outros empréstimos.

Cássio Polli, diretor da Aerie, empresa especializada na compra e venda de aeronaves, conta que, para importar um avião, o interessado também paga impostos. “O que incide sobre a compra é o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que é de 10% e a alíquota de ICMS, que varia de 12% a 18%, dependendo do estado”, lembra
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Manutenção
Quem acha que o mais caro é comprar um avião particular, pode se espantar com os gastos para manter tamanho luxo. Ricardo Gobbetti conta que “o comprador deve pagar financiamento, hangaragem, seguro, salário de pilotos, combustível e manutenção”, lista. Além disso, para cada pouso realizado, o dono do avião deve pagar outra taxa – esta vai para a Infraero, caso a pista seja federal, ou para o órgão responsável pelo espaço, em casos de pistas estaduais.

“Antigamente, ter um avião era puro glamour. Hoje, porém, empresários e grandes empresas percebem o quanto se pode ganhar com este meio de transporte. Dá para multiplicar negócios e fazer valer a pena o investimento”, finaliza Cássio Polli. Investimento esse que se inicia na casa dos US$ 500 mil, vale ressaltar.

Registro de aviões
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o proprietário – pessoa física ou jurídica – que efetua a compra de uma aeronave estrangeira e quer operar em território nacional é obrigado a registrar o avião no País.


Para isso, ele deve acessar o site da instituição e fazer a reserva de marca, o que também é chamado de matrícula da aeronave. Após o processo, o proprietário deve preencher seus dados pessoais e os referentes ao equipamento, concordando com os termos de uso e procedimentos. Para finalizar, ele deverá também pagar um Guia de Recolhimento da União – GRU.


Segundo a ANAC, em 2010, foram registradas 652 aeronaves TPP (prefixo usado para todas as aeronaves de uso privado no Brasil, como helicópteros, jatos e monomotores). Até dezembro do ano passado, o número era de 7.837. Já os registros das categorias TPX (aeronaves de uso comercial, como táxi aéreo e fretadas de carga ou passageiros) e TPR (aeronaves de linha aérea comercial, de empresas regulares de carga ou transporte de passageiros), também foram positivos, de 75 e 76 novas aeronaves, respectivamente. No total, há, no Brasil, registro de 1.534 aeronaves TPX e 619 de TPR. 
 

Ógui

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