segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CONGONHAS MAIS DECOLAGENS E POUSOS

Aeroporto de Congonhas pode ter mais decolagens e pousos por hora

Mudança em norma está sendo discutida e a intenção é aumentar de 30 para 34 o número de movimentos por hora destinados às companhias.




Um dos aeroportos mais movimentados do Brasil, Congonhas pode ganhar mais voos. O projeto é polêmico e mexe com a rotina da vizinhança também.
Os vizinhos não querem nem ouvir falar em mais voos. E olha que depois do acidente com o voo da TAM, em 2007, algumas autoridades chegaram a falar em fechar o aeroporto.
Já alguns especialistas dizem que Congonhas está operando abaixo da sua capacidade e isso significa prejuízo.
Fim de tarde de domingo no aeroporto de Congonhas em São Paulo. Filas longas. Saguão cheio. É sempre assim. “Muita fila, pleno domingo, ninguém merece”, diz Erika Carvalho Lima, administradora.
Uma estudante esperava para viajar de volta pra casa. No check-in, ela revelou um desejo de vários passageiros. "A gente é de Belo Horizonte e não consegue voo tão fácil. Então é melhor aumentar a quantidade", declara Renata Couto, estudante.
O pedido deles pode ser atendido. Uma mudança na norma da Secretaria de Aviação Civil que determina a quantidade de pousos e decolagens no aeroporto está sendo discutida em audiência pública. A intenção é aumentar de 30 para 34 o número de movimentos por hora destinados às companhias aéreas. Com isso a secretaria espera estimular a aviação regional, responsável pelos vôos de curta duração.
"Aumentar o número de pouso e decolagem, utilizar melhor a pista B do aeroporto de Congonhas, realmente é um alento pra todos aqueles que utilizam o aeroporto de congonhas", diz Uébio José da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores em Transportes Aéreos.
Quem mora perto do aeroporto tem uma opinião diferente. No bairro Moema, que fica bem na rota dos aviões que vão para Congonhas, todos os dias os moradores convivem com esse barulho que nos estamos ouvindo, das seis da manhã às onze da noite. Aumentar o número de pousos e decolagens por hora, para eles vai ser um problema.
Tatiana mora há dez anos no bairro. No início, acordava assustada com o ruído das turbinas. Hoje, o aeroporto não opera entre onze da noite e seis da manhã. Mas, para ela, o resto do dia já tem barulho demais.
"Vai me tirando do sério, principalmente quando eu estou fazendo alguma coisa que me exige concentração, silêncio", declara Tatiana Zenith, publicitária.
A associação dos moradores do bairro é contra o aumento do número de pousos e decolagens em Congonhas. Para eles, o aeroporto já opera no máximo.
"Não só a poluição sonora, mas a poluição dos resíduos que da queima do combustível da aviação, que é uma coisa que não podemos deixar de levar em conta", diz José Roosevelt Jr., representante da Associação dos Moradores de Moema.
Um professor da USP, especialista em aeroportos, lembra que o Congonhas já operou com 58 pousos e decolagens por hora, na década de 80, e que o número foi reduzido depois do acidente com o avião da TAM, em 2007.
Mas, segundo ele, a mudança não foi por falta de segurança, e sim porque o governo queria transferir o movimento para outros aeroportos.
Para ele, o aeroporto de congonhas está sub-utilizado. “Existe uma restrição na parte de pátio, mas nós temos áreas ociosas em Congonhas. Áreas que eram da VASP, elas poderão ser repensadas, readministradas e colocar mais espaço pra aviões pararem lá. Eu acho que não afeta segurança em hipótese alguma, como não afetava no passado", declara Jorge Leal, professor da USP, especialista em aeroportos.
Anac, agência que regula o setor da aviação, disse em nota que ainda está estudando a melhor forma de utilizar o aeroporto de Congonhas. E que por enquanto não pode divulgar nada sobre a mudança.

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